quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Te aceito de volta...






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Todos os dias, ele se colocava por horas na varanda de sua casa, olhando para o horizonte. Ninguém sabia no que ele pensava, ou se apenas conversava com seus pensamentos, procurando respostas para aquela dor que só fazia aumentar com o passar dos dias. O certo era que desde a partida de seu filho, a ausência de noticias e a incerteza que tinha em seu coração, se tudo estaria bem com ele o matava aos poucos.

Todos os dias o ritual era o mesmo. Sentava-se pela manhã e pela tarde, sempre no mesmo horário. Esperando o dia que alguém aparecesse e lhe trouxesse noticias.

Um dia, sentado em sua cadeira de balanço, olhando para o mesmo horizonte, ele avistou um homem, vindo ao longo do estreito caminho que dava acesso a sua fazenda. Era um homem franzino, com cabelos longos, barba abaixo do queixo, maltrapilho e cabisbaixo. Caminhava bem devagar, como se não tivesse forças pra chegar ao lugar ao qual ele estava peregrinando. Aquele senhor pôs-se a observar aquele rapaz, e quanto mais ele se aproximava, mais os seus olhos se arregalavam, fixos a cada passo e a cada movimento que lhe lembrava algo familiar. 

Pensou: - Como pode ser tão parecido! Mas ele saiu e disse que jamais voltaria. E como poderia está assim? Tão destruído e fracassado. Não pode ser el...

Seus pensamentos foram interrompidos quando aquele rapaz levou as mãos até o cabelo, tentando se ajeitar. Provavelmente sentindo a necessidade de se recompor, procurando disfarçar a aparência assustadora que ele transmitia por onde passava, denunciando-O.
É um mendigo.

Aquele senhor imediatamente o reconheceu.
- É ele! claro que sim. Esse gesto é simplesmente inconfundível.

Seu impulso foi indescritível. Ninguém saberia afirmar se era alivio; saudades, alegria ou regozijo. Mas, a primeira coisa que lhe veio à mente foi correr para alcançá-lo.

E assim ele fez, quando se encontraram próximo à porteira de sua fazenda, pararam um de frente para o outro. O pai olhou profundamente aqueles olhos lacrimejantes, estendeu os braços e disse.

- EU TE PERDOO

“Ele nos ofereceu Graça, antes mesmo de haver gerado em nós arrependimento. E pra cada dia de vergonha, concedeu-nos amor Incondicional.”

                                      Adde Gomes

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